Editorial

A Central de Matrículas

Tradicionalmente, esta época do ano, em que as aulas na rede pública recém começaram, tem entre os fatos confirmados mais do que o retorno de milhares de crianças e jovens ao convívio com colegas e professores. A movimentação e burburinho em Pelotas, que deveria ficar restrita às escolas, com os alunos, acaba se dando também nas calçadas próximas ao prédio da Central de Matrículas, na rua Andrade Neves, no Centro. É ali que centenas de pais, mães e outros familiares se encontram para tentar resolver suas demandas com relação às aulas dos estudantes. Principalmente com relação à obtenção de vagas ou transferências para outras instituições.

O cenário de pessoas em fila a esta altura do calendário é tão comum que há quem se espante quando vê a quadra entre as ruas Major Cícero e Senador Mendonça vazia. Infelizmente, este não parece ser o padrão a que se habituou grande parte da população pelotense que depende das escolas públicas do Município e do Estado. A lógica ano após ano - com raras exceções - tem sido de correria e aglomeração à porta da Central. Ontem, contudo, mesmo com as filas já sendo esperadas, a quantidade de gente espantou. Desde as primeiras horas do dia, foram várias as mensagens e fotos enviadas para a Redação do DP por leitores do Jornal que passavam pela Andrade Neves, moradores daquela região e até mesmo pessoas que esperavam atendimento. Afinal, a quantidade de cidadãos que esperava, muitos desde a madrugada, estava além do que se convencionou - erradamente - como normal. Basta ver na página 3 a imagem captada pelo fotojornalista Carlos Queiroz, que acompanha reportagem de Anete Poll.

Embora a argumentação da Prefeitura para explicar a dificuldade em atender as demandas de todos os cidadãos seja válida - a impossibilidade das escolas existentes em alguns bairros darem conta da grande expansão populacional destas áreas com os novos condomínios -, fato é que há um repetido problema a ser enfrentado na Central de Matrículas. Afinal, assim como não se pode considerar aceitável que cidadãos esperem por horas para ter acesso a outros serviços públicos, sejam eles de ordem assistencial ou saúde, por exemplo, também é inegavelmente desrespeitoso que uma pessoa precise não dormir direito, faltar ao trabalho ou ficar exposta ao sol, na rua, somente para conseguir garantir o direito de um filho a uma vaga na escola, de preferência - e por óbvio - perto de casa.

Certamente esta questão não é jogada para baixo do tapete pelo governo municipal, que demonstra esforço e trabalho sério em qualificar escolas e ampliar o número de vagas. Porém, para os tantos pelotenses que precisam ficar na fila da Central de Matrículas, já passou tempo demais sem que se encontre uma saída mais eficiente e racional para acabar com tal aglomeração e espera.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Mês da Mulher: por que precisamos abandonar os balões cor-de-rosa?

Próximo

A agenda do ano no Brasil

Deixe seu comentário